E aqui estou 17 anos
depois daquela conquista, certo que nenhuma possível futura conquista terá a
mesma emoção contida em uma só partida de futebol, que é capaz de suportar um
só coração, músculo que naquele, 19 de Junho trabalhou um pouco mais que o
habitual.
Talvez nem mesmo eu
fosse capaz de acreditar na vitória, ainda que a acompanhar a partida pela TV,
fogos comprados, os quais me prometia estourar quando algum gol houvesse para
assegurar minha festa ao menos que por pouco tempo.
E logo aos 5 minutos
do primeiro tempo já em desvantagem, a crença naqueles jogadores em campo
estava a ser testada, até que em um lance sem qualquer perigo Roberto Gaúcho,
pega a bola de um lance de escanteio e sai correndo em direção ao gol a abrir
os olhos de todos já fatigados pela até então derrota, e chuta
sem ângulo algum e marca, e então os foguetes os quais pensava não
poder usar celebraram a renovação da fé de um torcedor na vitória de seu time.
E assim o jogo difícil,
truncado apenas estava por começar, Dida no gol como em muitas outras
oportunidades a salvar bolas improváveis, Parque Antárctica verde pelo gramado
e por toda torcida a apoiar seu time a poucos metros de distância, enquanto que
de suas televisões, rádios, a torcida do Cruzeiro ouviu quase aos 40 minutos do
segundo tempo, Marcelo Ramos, o maior atacante do Cruzeiro que pude assistir
jogar, presenciar no estádio a marcar um gol, depois de muitas improváveis
defesas era hora da mais provável defesa pelo goleiro adversário, Veloso, e ele
falhou a deixar a bola livre pra que nosso atacante precisasse não chutar e sim
deslizar de encontro à bola até as redes e fazendo assim muito mais que uma
simples alteração no placar, uma espera pelo fim do tempo, um alívio ao
torcedor.
Naquele dia eu vi o
time ganhar muito mais que um título, uma taça, uma estrela qual ostentar no
uniforme, e sim o tão quisto e caro sentimento de respeito, a nossa camisa a
qual já se mostrava desbotada há algum tempo, no qual nunca pude vivenciar, por
ainda ser novo e não ter visto muitos de nossos craques do passado em campo, de
um time mediano a figurar em meio aos grandes por tradição do futebol
brasileiro, vi o Cruzeiro se tornar algo que investimento de patrocinador,
marketing, contratação qualquer não é capaz de fazer um time de futebol
conquistar, pois nosso time não estragou a festa do Palmeiras naquele dia como
foi noticiado no dia posterior, mas sim vencemos um jogo o qual tinha por ser
disputado e não apenas jogado a espera do apito final, conquistando assim pelo
sentido real e mais genuíno da palavra conquista, sobre tudo de bom e ruim, que
nos fizeram melhores e contra todos em direções opostas que nos repeliram, o
título do Cruzeiro mais importante para mim, a Copa do
Brasil de 1996.